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Taxa Selic: o que é e como ela influencia seu bolso

Principal instrumento de política monetária do país no combate à inflação, a taxa pode mexer em empréstimos, financiamentos e aplicações

A Selic é a taxa básica de juros da economia brasileira e o principal instrumento de política monetária do Banco Central no controle da inflação. Por influenciar todas as taxas de juros do País, a Selic pode ter um peso no bolso do consumidor quando falamos de empréstimos, financiamentos e aplicações financeiras.

A sigla vem de Sistema Especial de Liquidação e de Custódia, no qual o Banco Central opera diariamente na emissão, compra e venda de títulos públicos emitidos pelo Tesouro Nacional.

Como a Taxa Selic é definida?

A meta da Selic é regulada a cada 45 dias em encontros a portas fechadas do Comitê de Política Monetária, o Copom, desde 1996. A definição é influenciada por fatores como inflação, taxa de câmbio, importações e exportações, e a atividade e a perspectiva de crescimento econômico do País.

Em um cenário de inflação alta, o Copom pode elevar a Selic para desestimular o consumo. A medida pode aumentar os juros do cartão de crédito, empréstimos e cheques. A estratégia busca levar o consumidor a adiar uma compra e, assim, controlar a inflação.

Em uma situação prática: quem vai ao banco simular um empréstimo para comprar um carro poderá ver o plano falhar se a Selic subir no mês seguinte. Isso porque o aumento da taxa fará com que as prestações fiquem mais caras do que foi originalmente simulado, forçando o consumidor a repensar o empréstimo e a compra.

No cenário oposto, a intenção do Copom é estabelecer uma política monetária para estimular o consumo e a economia por baixar os juros ao consumidor. Na teoria, o crédito fica mais acessível e o brasileiro voltaria a comprar.

Qual a Taxa Selic hoje?

Em fevereiro de 2019, a Taxa Selic foi mantida em 6,5% ao ano pela sétima vez consecutiva, indicando a continuidade da política monetária do Banco Central em vigor desde março de 2018. O próximo encontro está previsto para os dias 19 e 20 de março. O histórico da Selic desde 1996 pode ser consultado no site do Banco Central. A taxa mensal e o acumulado dos anos anteriores também estão disponíveis na internet.

Como a Selic atual influencia o bolso do brasileiro na prática?

A Selic estável há tanto tempo não é mais determinante na concessão de crédito ao brasileiro. Hoje, os bancos se guiam pelos riscos do consumidor em dar um “calote”. Nesse contexto, em um país com mais de 60 milhões de pessoas endividadas, segundo o Serviço de Proteção ao Crédito, as instituições financeiras ainda mantêm elevados os juros de empréstimo e financiamento apesar da Selic baixa.

Nos investimentos de renda fixa a notícia não é das melhores. A Selic estagnada desestimula os fundos, antes refúgios de investidores mais conservadores, pois eles só ganham da caderneta de poupança quando a taxa de administração do fundo for menor que 1% ao ano, independentemente do prazo do resgate. Outro atrativo da poupança nesse cenário de desvalorização da renda fixa é a isenção no Imposto de Renda.

Quais investimentos são mais afetados pela Selic?

A influência mais direta ocorre no Tesouro Selic, título pós-fixado do Tesouro Direto no qual o investidor é remunerado a partir da taxa. Se a Selic sobe, a rentabilidade será maior, tornando o investimento mais atraente que operações na Bolsa de Valores, os investimentos de renda variável. No entanto, se a taxa sofre uma queda, o retorno será menor e os títulos públicos serão menos atrativos.

Nessa situação de Selic baixa, além do Tesouro Selic render menos, outros investimentos de renda fixa, como o Certificado de Depósito Bancário (CDB), competem com a poupança sobre a melhor forma de fazer o dinheiro render.

Por exemplo, uma aplicação de R$ 1 mil no CDB de um grande banco que rende 85% do Certificado de Depósito Interbancário (CDI), taxa que anda de mãos dadas com a Selic, pagaria R$ 1.044 em um ano e meio – rendimento ligeiramente abaixo da poupança.

Por conta da baixa atratividade dos investimentos de renda fixa, o brasileiro pode ver no cenário da Selic baixa uma oportunidade de aplicar na Bolsa de Valores. Nesse caso, os lucros podem ser melhores que os títulos influenciados pela Selic, mas os riscos também são maiores.

Como a Selic mexe com a poupança?

A rentabilidade da poupança é diretamente ligada à Selic desde 2012, quando o rendimento da aplicação passou a ser calculado de acordo com a taxa definida pelo Copom.

Em casos da Selic igual ou menor a 8,5%, a poupança renderá 70% da Selic mais a taxa referencial. Quando a Selic está acima de 8,5%, a caderneta rende 0,5% ao mês mais a mesma taxa referencial.

Em outras palavras, se a Selic estiver em baixa, a tendência é menor rendimento da caderneta de poupança.

Como funciona a Taxa Selic?

A Selic é definida nas operações de empréstimos de um dia entre instituições financeiras com o uso de títulos públicos do Tesouro como garantia. Funciona assim: por lei, todo banco deve depositar uma determinada porcentagem de seus depósitos em uma conta do Banco do Brasil. O objetivo é evitar uma circulação descontrolada de dinheiro e, consequentemente, controlar a inflação.

Ao fim do dia, no entanto, é comum um banco não atingir a meta e pedir empréstimo a outras instituições financeiras usando os títulos do Tesouro como garantia. Em linhas gerais, é como oferecer o carro ou o imóvel como garantia ao fazer um empréstimo ou financiamento no mercado.

Ao receber o dinheiro de volta, a instituição financeira que emprestou o dinheiro ao banco cobra juros. A taxa média das taxas de juros praticadas nessas operações determina a Selic. O Banco Central atua nessas operações para garantir que essa taxa média esteja alinhada com a meta estabelecida pelo Copom.

Qual a diferença da Selic Meta e Selic Over?

A Taxa Selic Over é a taxa de juros praticada pelos bancos em empréstimos entre si usando os papéis do Tesouro como garantia. A Taxa Selic Meta é a estipulada pelo Copom a cada 45 dias.